@1642km
Armazena-dor
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2018-10-26 17:49:00

    Às vezes eu tento imaginar que o problema não sou eu, e sim o resto do mundo. Que não é ruim eu ser complicada, o mundo que é certinho demais e nunca entra em crises existenciais. Que viver fora da realidade não é incomum, o mundo que precisa dar um “olá” para a lua. Que não é um problema eu ser tão desequilibrada, o mundo que tem necessidade em aprender a ser um pouco desnorteado. Ser rejeitada por ser quem eu realmente sou, me fez arquitetar todo um universo só para mim. Às vezes, só às vezes, eu imagino como é ser uma pessoa “normal, sem medos, monstros e transtornos”, sabe? Além disso, uma pessoa que saiba lidar com tudo isso, que não tenha medo de mostrar quem realmente é, nem receio de apresentar seus fantasmas. Mas será que essa pessoa existe? Será que existe esse alguém capaz de mentir e dar as costas para os seus próprios sentimentos? Eu não consigo. Tenho certeza que tudo isso que está acontecendo não é uma fase, faz parte do que sou. Mas às vezes é desconfortável ser tão diferente. Olho para as pessoas e pareço ser a única que está no meio desta confusão sem saber para onde ir. Será que todos estão fingindo que são felizes, completos e ajustados? Será que todos estão usando sorrisos verdadeiros ou apenas máscaras que são trocadas todas as noites? Olho para a multidão, e parecem tão imbatíveis, intactos, sem decepção, sem corações doloridos. Olho e vejo uma multidão enrijecida, segura de si. Eles realmente são assim ou eu estou desconfigurada demais? Eles realmente tem uma bússola apontando para qual direção devem seguir ou eu que estou completamente sem norte? Porque é assim que estou: sozinha e sem direção.

    Escrito por Fran, Juliana, Glórie Anelise em Julietrio.
    (via necrologias)