@21-08-11
Incansável
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2018-07-04 17:32:50

    “Tem gente que tem cheiro de passarinho quando canta. De sol quando acorda. De flor quando ri. Ao lado delas, a gente se sente no balanço de uma rede que dança gostoso numa tarde grande, sem relógio e sem agenda. Ao lado delas, a gente se sente comendo pipoca na praça. Lambuzando o queixo de sorvete. Melando os dedos com algodão doce da cor mais doce que tem pra escolher. O tempo é outro. E a vida fica com a cara que ela tem de verdade, mas que a gente desaprende de ver. Tem gente que tem cheiro de colo de Deus. De banho de mar quando a água é quente e o céu é azul. Ao lado delas, a gente sabe que os anjos existem e que alguns são invisíveis.”

    Drummond.

    só por hoje exija menos de você

    só por hoje se olhe com mais carinho e admiração

    se admire por ter chegado até aqui

    se elogie por ter conseguido levantar da cama todos aqueles dias que pareciam impossíveis e o peso de ser quem se é era pesado demais para as suas costas

    só por hoje se ame infinitamente por tudo que você é

    por todos os abismos e montanhas que você aprendeu a escalar

    só por hoje seja mais você

    e que aos poucos o hoje possa se tornar todos os dias.

    Pois angústia, pessoas, é isso, é essa face sem alegria, sem contingência, sem situação que a justifique, sem nada que provoque algo, não ha testemunhas, nem culpados. Ela não cabe dentro da gente e se ocupa de mágoas sem responsável. Não há escolha, nem convite. Ela é intransigente, inevitável como a penumbra da noite e os primeiros raios ansiosos da manhã. Ela aperta com vigor o seu peito. Faz você habitar mundos internos jamais vistos, te retira dos fluxos, dos padrões externos e dos sorrisos falsificados. Faz você penetrar em si mesmo, tentando mover-se de um lado para o outro na busca de um entendimento da própria alma. Ela é insistente. Te faz fingir que esta tudo bem, mas em vão, pois a protagonista desse teatro trágico é ela mesma. Ela, a angústia, tenta te impor momentos irremediáveis e irreparáveis do passado fazendo você trocar de pele, de cor como um camaleão camufla-se em meio ao perigo. A angústia grita contigo, as vezes sussurra, repetidas vezes quando você esta muito ocupado preenchendo pensamentos que a vil rotina te dominou.

    Ronaldo Antunes (via sentilizar-se)

    É, eu sou do tipo que se afasta.

    Não sei bem porque preciso escrever sobre o quão péssima eu sou em relação à isso. Talvez eu só precise escrever, porque é exatamente a alternativa que eu penso que me resta, já que sou do tipo que se afasta.

    Eu digo às pessoas que é pura e simplesmente por egoísmo, mas no fundo, eu sei que não é, pelo menos não é só por egoísmo. Há algo maior por trás desse meu exclusivismo, há um estado afetivo que move absolutamente tudo que me cerca e/ou tudo o que faço:

    Medo.

    Tenho um temor irracional de lidar com as pessoas, não é exatamente “as pessoas”, mas os sentimentos que elas carregam. Eu me importo demais, e se eu não consigo lidar com meus próprios sentimentos, se eu não consigo controlar minhas próprias emoções, como eu posso ser capaz de entender e conviver com os seus? Isso me torna egoísta, mas sei que minha covardia é bem maior que meu egoísmo.

    Alguns aceitam o medo e usufruem dele da melhor forma possível. Usam ele como um impulso a mais para tentar vencer qualquer coisa. Mas eu não sou assim; vivo de medo. E infelizmente, diferente da maioria que o abraça, aceita e sai de mãos dadas com ele; eu o abraço e me permito ser reconfortada por ele. É no medo que eu me abrigo. É nos braços dele que eu permaneço, porque sou imatura demais para encarar a imensidão do mundo. Não estou preparada para desfazer esse abraço e caminhar de mãos dadas com ele. E enquanto eu não estiver preparada, vou continuar sendo aquela que se afasta. Vivendo nessa bolha prestes a estourar, mas que permanece inflada.

    Eu não estou pedindo que vocês me compreendam ou me aceitem. Isso se tornou uma justificativa chula. Isso foi só para provar a mim mesma que tenho todo o direito de ter esse defeito. Foi para finalmente aceitar que eu utilizo meu egoísmo como máscara para encobrir meus medos. Mas são meus medos que fazem de mim quem eu sou, em contrapartida, são meus medos que me impedem de ser o alguém que eu pretendia me tornar.

    É, eu sou realmente do tipo que se afasta. Mas depois de tudo, talvez essa seja a melhor opção.

    Ca.

    criemos asas neste final de ano pra voar pra longe de quem nos fez mal. de quem nos afetou negativamente. de quem esmagou nosso coração. de quem transformou nosso caos em romance: não existe romance no caos. não existe romance na incerteza. não existe poesia em sentir dor alguma criemos asas neste final de ano pra voar pra bem longe. pra costurar a própria pele depois de uma longa caminhada e jornada rumo a novas descobertas, quem sabe com outras pessoas, em novos lares, de maneira mais confortável. é preciso coragem pra voar para longe de alguém que machuca a gente. mas quando fazemos, a recompensa é tremenda: muda-se as estações, os dias tornam-se mais amenos, a vida mais feliz criemos asas para voarmos por conta própria. para longe de tudo que nos controla e nos coloca culpa. de tudo que requer da gente covardia, mentira, insegurança. que nosso único lugar de conforto seja onde a verdade abraça nosso corpo e estende sobre nós a paz de ser honesto. que você voe, para pessoas e lugares, que só requeiram de você a honestidade criemos asas neste final de ano para dizer não. para opinar mais. para se fazer ouvido, presente, importante. é necessário existir em corpo e em palavra. em atitude e ação. que criemos asas para falar menos de amor e mais sobre amar. que nossas palavras fiquem pequenas perto dos nossos movimentos: é agindo que se comprova como se ama criemos asas neste final de ano para sermos mais gentis com nosso próprio corpo. que a gente consiga se olhar no espelho e gostar do que vemos. que não seja desconfortável olhar para si próprio e perceber uns sinais de queda, sinais de que você se entregou, sinais de que viveu. toda cicatriz é fruto de uma experiência marcante. amar é uma marca indelével criemos asas para lidarmos com nossas falhas. que neste final de ano, e no ano que vem, e nos próximos, você consiga compreender o milagre da sua existência. pois ninguém existe como você. porque seu corpo é o que de mais seguro existe sobre você mesmo. seu corpo é um recado do universo pra você, dizendo: “você tem para onde voar quando tudo estiver turvo e tardio” que neste final de ano você consiga voar para longe de tudo que não abraçou seu coração. e que encontre pessoas e lugares que estejam dispostos, verdadeiramente, a abraçar tudo que você carrega. os sonos perdidos no meio da noite, as insônias, o medo de perder. porque a gente precisa de coragem pra sair dos espaços pequenos que não sabem abraçar aquilo que somos eu sei, às vezes o que mais machuca a gente é aquilo que está por perto. e que é difícil se desvencilhar daquilo, afinal de contas ninguém quer ter de lidar consigo mesmo mas o final de ano está aíe só mais um final de ano, é só o tempo sendo repartido e glamourizado quero que você pense que a vida acontece continuamentee que você precisa fazer como alguns pássaros que, às vezes, viajam quilômetros a fio em busca de águas quentes, comida e um sol quentinho é você o pássaro nessa história. voando de um ano para outro.é você quem precisa sair da onde está para experimentar outras sensações, línguas, abraços, momentos, lugares, tudo. é você quem precisa voar de ambientes que não te oferecem comida para lugares onde você se sacie e tenha dias gloriosos a jornada é dolorosa. disso eu sei.mas quem disse que seria fácil? viajar para fora de si para conhecer outros universos? que você crie asas para sair. respirar. ficar longe. adquirir corpo, mente, imaginação. voe para ficar são e salvo. voe para amadurecer. para saber como é lidar com a adversidade e o tempo ruim. com as chuvas e tudo que o mau tempo traz. que neste final de ano, que é só uma parte de uma vida e uma jornada maior, você crie suas próprias asas. que aprenda a costurá-las. que você estude seus movimentos. conheça a si mesmo. coloque em prática um plano de voo. que levante as asas e vá. vá pra lugares que você sempre teve vontade de irvá para pessoas que sempre teve vontade de conhecervá para camadas de si mesmo que você não pensava existir e que você passe por esse anoe pelo ano que veme pelos próximossabendo que sua coragem te levará a lugares incríveis criemos asas para sermos maiores do que já somos.

    Textos cruéis demais.